O “Colóquio Filosofia, Estética e Juventude” procura colocar, com certa originalidade, um problema filosófico pouco explorado, reunindo pesquisadoras e pesquisadores do Brasil e do exterior. Trata-se de pensar filosoficamente a juventude. Certamente, aí, muitas possibilidades se abrem: em primeiro lugar, a relação entre juventude e formação, para o que a filosofia da educação, mas também a filosofia da história e a filosofia política podem ser especialmente conclamadas. Não raro o jovem está no centro das discussões sobre a formação do indivíduo, das sociedades e principalmente sobre a criatividade da ação, seja por obra da imaginação e da inovação linguística, conceitual e tecnológica, seja por obra das energias de protesto e revolta. Um fenômeno em específico, contudo, chama atenção: na história da filosofia, não foram poucos os pensadores que, em sua juventude, encontraram na reflexão sobre a arte ou os sentimentos a chave de compreensão dos problemas filosóficos. O jovem Hegel, o jovem Nietzsche, o jovem Lukács, etc., são exemplos emblemáticos desta tendência, encontrada também em diversas tradições. Será isto sintoma de alguma relação intrínseca entre filosofia, estética e juventude? Por que alguns desses pensadores abandonaram a perspectiva estética em seu pensamento de maturidade? E em nome de que outra coisa a abandonaram? Do naturalismo científico, da mística, da religião, da ação prática? Poderíamos apontar também contraposições a esta tendência, como é o caso de Heidegger e Adorno, na tradição continental, ou Arthur Danto e Nelson Goodman, na tradição analítica, que se inclinaram mais enfaticamente para a estética ou a reflexão sobre a arte apenas na maturidade ou, no caso de Kant, já na velhice. Neste sentido, pensar a juventude também abre caminho para pensar, correspondentemente, a maturidade. E, da mesma maneira, a relação inicialmente sugerida entre filosofia, estética e juventude não é exclusiva. Pelo contrário, convida a pensar aquelas outras coisas que parecem poder cumprir, no adulto e no ancião, as promessas da arte: religião, política, sabedoria.
A Profa. Silvia Faustino de Assis Saes (Filosofia UFBA) participará da mesa Juventude e Estética, falando sobre o "O conceito de chiste (Witz) em F. Schlegel", no dia 09 de novembro.
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